segunda-feira, 17 de janeiro de 2011
Ruídos na Comunicação
Acabo de ler de uma pessoa que diz trabalhar com comunicação a seguinte pérola:
"o segredo é se comunicar, mesmo que a interpretação não seja a mesma que o emissor deseja que o ouvinte compreenda."
Calma lá, querido coleguinha! Se o receptor não interpretou "corretamente" a mensagem do emissor, não houve comunicação de verdade - o que houve foi ruído. E se o receptor (nossa, ainda estamos falando em comunicação com posições declaradas de emissor e receptor, o que deixa o processo todo mais simples) não entendeu a mensagem, a "culpa" é do emissor que não a soltou de modo adequado ao meio utilizado e à realidade do receptor.
Soltar uma pérola desta, no contexto em que foi usada, é uma barbaridade. O segredo, coleguinha, não é tentar se comunicar, mas se comunicar efetivamente.
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Um comentário:
Olá Tatiana, Parabéns pelo blog que acabo de conhecer.
Eu me pauto sempre pela sabedoria que foi compartilhada pelo mestre José Guilherme Leite, ex-coordenador da Facha, em suas aulas legendárias sobre semiótica e teoria da interpretação.
Uma das mais simbólicas (no sentido de impactante) frases suas, inclusive a que abriu o curso que ministrou, foi: "Só existe comunicação porque não existe comunicação".
Pode parecer não fazer sentido num primeiro instante, mas o velho e sábio tratou de tecer a lógica desta frase ao longo daquele inesquecível semestre.
Somente existe a comunicação pelo fato de não haver uma mesma interpretação de um signo por mais de um "receptor" (tsc). Pois, cada um carrega consigo um repertório de experiências e signos alocados em paradigmas de forma singular.
Quando determinado signo (ou mensagem) é posto à interpretação de alguém, é necessário que 3 características fundamentais estejam presentes para que haja uma interpretação "satisfatória". Um desses elementos é o próprio ruído.
Sim, o ruído (carga simbólica, de impacto, novidade, informação) é fundamental para a tal da comunicação. Claro que, se o ruído prevalecer sobre as outras 2 características necessárias para a interpretação, a mesma provavelmente não acontecerá de forma a gerar sentido.
Por outro lado, se não houver ruído, acontecerá o simples descarte da informação. A mesma será redundante demais para não "entrar por um ouvido e sair pelo outro".
Se não houvesse ruído na comunicação, não haveria necessidade de nos comunicarmos. Não seríamos diferentes, não seríamos humanos.
Só existe comunicação porque a ação de nossa interpretação, que age sobre os signos e faz com que continuemos seres pensantes, carrega defasagens entre quaisquer "transmissores e receptores". Não há ação-comum. As interpretações sempre variarão para cada indivíduo de alguma forma, mesmo que relativamente irrelevante.
A situação ideal de uma interpretação (homeostase) é o equilíbrio entre essas características fundamentais (33% ruído, 33% redundância icônica redundância, 33% redundância indicial).
Concordo quando você diz que a culpa pela interpretação insuficiente é a de quem provocou a informação. Faltou a esse descuidado conhecer o universo paradigmático do coitado "receptor".
Aliás, informação para mim, e para o Zé Guilherme Leite, é formação interior (de sentido). Mas isso é outro assunto (ou não)...
Espero ter o prazer de continuar a ler posts como esse.
Obrigado!
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