domingo, 23 de maio de 2010

14 ª Conferência do Reputation Institute, dia 3


A sexta-feira, apesar de ter programação mais curta, foi de imenso aprendizado. Não fui às breakout sessions, me guardei para as plenárias. Estava cansada com a overdose de informações que tinha recebido nos dois dias anteriores e precisava digerir aquilo tudo.

Na primeira plenária tivemos as apresentações de Dr Charles Fombrun, presidente do Reputation Institute, e de Eduardo Eisler, diretor de estratégia de negócios da Tetra Pak para a América Latina. E eu fiquei completamente encantada.

Charles Fombrun apresentou em dez lições o que tinha aprendido sobre reputação ao longo dos anos com o que o Reputation Institute vem fazendo. Para quem ainda duvida que haja relação entre o aumento da reputação e dos resultados de uma empresa, ele frisou: "um aumento de 8 a 10% na reputação leva a um aumento de 10% no apoio da sociedade em relação à empresa e um aumento de 10% na reputação de uma empresa pode representar aumento de 13% no seu valor de mercado". Fantástico, não?
Ele também citou que aproximadamente 20% da reputação de uma empresa são oriundos dos produtos ou serviços oferecidos. Este pilar é o que apresenta maior peso entre os demais (desempenho, inovação, local de trabalho, governança, cidadania e liderança). E isso me fez pensar, mais uma vez, no quanto as empresas que insistem em oferecer ao mercado produtos que não são seguros para a saúde do consumidor estão correndo riscos.

Eduardo Eisler falou de como a Tetra Pak lida com questões de sustentabilidade e como trabalhou/trabalha internamente os gaps que existiam/existem entre o que a empresa desejava/deseja ser e como era/é vista. Para ele, a empresa foi ao divã do analista e renasceu nos últimos anos. Engajamento e alinhamento me pareceram palavras de ordem para que a empresa cumpra a sua missão de levar produtos seguros a toda parte do mundo.
Fiquei tão cativada pela transparência da apresentação de Eisler que deixei um bilhetinho com o meu contato com o pessoal de comunicação da Tetra Pak para que possamos pensar juntos ações para que os alimentos que a Tetra Pak embala e leva ao mundo sejam realmente seguros. Imagina se uma empresa do tamanho da Tetra Pak, presente em 150 mercados e uma das principais produtoras de embalagens, faz pressão junto aos produtores de alimentos para que não usem mais susbtâncias potencialmente cancerígenas, corantes ou conservantes desnecessários em suas fórmulas? No diagrama das cinco forças de Porter eles têm um poder de barganha incrível. Se somados a uma demanda dos consumidores por alimentos mais saudáveis, então... amigão... o poder de barganha pode ser arrebatador. Imaginei isso tudo enquanto Eisler falava e foi impossível não lembrar do meu lema de vida: "sozinhos somos nada, juntos somos infinitos"!




Outro ponto alto do último dia da Conferência foi a premiação do professor da UFRJ Evandro Vieira Ouriques como o melhor acadêmico do ano, pelo seu trabalho com a criação do quarto bottom line da sustentabilidade: a gestão da mente sustentável. Nosso Pós-doutor em Cultura de Comunicação, Globalização de Mercados e Responsabilidade Ética está certíssimo quando nos lembra que nada mudará se o nosso modo de ver o mundo não mudar. Nós somos o que pensamos. E se não pensarmos de modo sustentável, nunca seremos sustentáveis. Parece óbvio. Mas as grandes descobertas que movem o mundo sempre parecem "óbvias" depois de reveladas. Lembram da roda? O difícil disso tudo é converter o óbvio em ação. Como se muda um mindset? Só com tempo, muito tempo e dedicação.
Para quem quiser saber mais sobre o quarto bottom line, há uma boa explicação aqui.

É isso, pessoal. Mas eu não ficarei por aqui. Tenho ainda muito o que escrever sobre a conferência. Acompanhem o marcador RIRio! :-)

2 comentários:

Luiz Antônio Gaulia. disse...

Mudar o "mindset" é mudar hábito, comportamento...tradição. Uma verdadeira revolução molecular, individual que pode ser como faísca num monte de feno. Aliás, como toda idéia nova: quando está madura, não tem jeito - multiplica!
Lembro de uma frase, de Gandhi (?): "Seja você a mudança que quer ver no mundo".
Abraço e parabéns pela cobertura do RI!
Gaulia

Tatiana Maia Lins disse...

Oi Gaulia! Obrigada!
Encontrei Nadia na conferência e perguntei sobre vc, queria te conhecer. Ela me disse para qualquer dia desses passar lá no R&A para bater um papo. E eu vou! :-)
BEIJO!