quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Cuide, cuide-se, cuidemos

Meu marido ficou muito frustrado quando fomos no Cristo Redentor. Ele queria ver a cidade que há atrás do Cristo. E quando chegamos lá estava o maior nevoeiro. Nem do alto ele conseguiu ver o que havia atrás do Cristo. Todos aqueles bairros que Chico canta em Subúrbio (veja o vídeo) e onde nunca fomos, apesar de morarmos no Rio há mais de cinco anos.

Lembrei do que está nas costas do Cristo agora, ao ler um texto publicado pelo meu amado professor Gaulia, na revista Plurale: "A "comunicação pelo cuidar" é a comunicação para a sustentabilidade". Ele defende:

"A comunicação pelo cuidar, portanto, é uma comunicação que nos convoca para uma mudança de postura: baseada no respeito à vida. Uma ponte abrangendo a economia, o meio ambiente, os sistemas sociais, culturais, nossas emoções e afetos, nosso modo de conversar, interagir, pensar, perceber conexões essenciais e ainda, a nossa própria transcendência (espiritualidade).
Ao entenderemos a sustentabilidade como a construção do “nosso futuro comum” – como já definiu o Relatório da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, organizado por Gro Harlem Brundtland, em 1988, compreendemos necessariamente o valor do cuidado. O saber cuidar é saber comunicar, uma vez que seria impossível cuidar sem relacionar-se, sem envolver-se. Uma vez que o cuidado requer proximidade, requer afeto e consciência em cada atitude. O cuidar é a mais bela e nobre forma de comunicação existente." 

Lindo, né? LEIA o texto completo aqui.

Quando formos capazes de cuidar por completo, até o Cristo terá uma nova postura, passará a ser uma estátua que gira para que nunca fique o tempo inteiro de costas para o mesmo lugar. Afinal, todos merecem suas bençãos, não apenas os que chegam pelo mar. E quando esse momento de sustentabilidade for alcançado, haverá mais igualdade entre os bairros que hoje conseguem ver o Cristo de frente e os que estão escondidos atrás dele, ainda que cada um guarde as suas particularidades. 

O Cristo giratório é puramente simbólico, óbvio. Mas que eu gostaria de viver num mundo mais sustentável e com mais cuidado, ai como eu queria! 

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